Doença súbita

Trabalho há 11 anos, é verdade, digamos que sempre fui uma pretensa independente com gosto por conquistar o que é mesmo seu. Durante todo este tempo estive de baixa duas vezes, uma por gravidez problemática e outra por ter passado a vergonha de ficar com varicela no segundo ano da faculdade... não é para todos. Passado este tempo volto a ficar de baixa, fui operada de urgência e estou em casa de cama... odeio, odeio, odeio... aliás até sinto uma certa vergonha de afirmar que estou de baixa pois sinto-me igual àqueles que andam sem fazer nada. Odeio estar de baixa, diminui-me o nível de vida, de auto-estima, de tudo! só quero ficar boa a tempo de ir para onde quero ir e fazer aquilo que esperemos que seja boa a fazer.
Não me quero sentir a estagnar, é uma fase dolorosa que esperemos passe em breve e me deixe voltar às minhas mil actividades e pronto...
Mais uma vez senti a crueldade dos médicos em Portugal, claro que o que interessa é de facto curar o doente, ter os conhecimentos essenciais para o poder fazer, mas e o doente? É um animal irracional, não representa nada além de uma estatística, sei lá um novo problema? Este é o grande problema do acesso às Faculdades, especialmente em cursos cujo exercício da profissão poderá influenciar a vida das pessoas. O que interessa são as médias, não importa se ali está o maior psicopata do mundo ou sei lá quem! Esta é uma situação que me irrita. Aí está! Pessoas que me irritam, os cromos que estudam, estudam, estudam, podem alcançar um lugar de topo, mas no entanto não passam de uns vazios, estúpidos e pretensiosos seres num corpo humano. Sim porque quem é vazio é necessariamente estúpido! Eu quero continuar um ser cheio e ignorante, ser extraordinário não implica saber mais, para mim os extraordinários são aqueles dos quais a certa altura pensamos: É pá fulano enche-me o coração com a postura perante a vida! Ou algo assim...
Felizmente conheço alguns seres extraordinários...